AS MÚLTIPLAS ESCOLHAS CERTAS ESTÃO COM LETRA MAIÚSCULA.
*Diga qual é o significado etimológico de filosofia.
Filosofia, do grego phílos(amor, amizade) e sophia(sabedoria), significa amor ou amizade à sabedoria.
“Eu acho que há apenas um jeito de a filosofia encontrar um problema: enxergar sua beleza e se apaixonar por ele; casar-se com ele, e viver feliz com ele, até que a morte os separe – a menos que você encontre outro problema mais fascinante, ou a menos que você obtenha uma solução. Mas mesmo que você obtenha uma solução, você pode descobrir, para seu prazer, a existência de uma família inteira de encantadores, embora às vezes difíceis, problemas-filhos, para cujo bem estar você poderá trabalhar até o fim dos seus dias.”
(Karl Popper, Realism and the Aim of Science)
*Segundo o texto,qual seria a forma de a filosofia descobrir um problema?
“enxergar sua beleza e se apaixonar por ele”
* Relacione o texto acima com a etimologia da palavra filosofia.
A definição de filosofi a dada por Popper se baseia na ideia de que a filosofia se relaciona de forma apaixonada com os problemas que se apresentam a ela. O uso das imagens referentes ao amor deixa clara a relação com o étimo da palavra filosofia: amor à sabedoria.
*qual seria a principal característica da filosofia?
O questionamento, a dúvida.
* A filosofia é um cego procurando uma bola preta num quarto escuro. E a bola está na sala.”
(Gilvan Fogel, adaptado)
* Relacionando a definição metafórica de filosofia acima, concebida pelo filósofo brasileiro Gilvan Fogel, podemos afirmar que:
a) A filosofia é para aqueles que não conseguem acreditar na verdade, e que, por isso, passam a escondê-la.
b) A filosofia é dogmática, pois sempre apresenta uma verdade absoluta e inquestionável sobre as coisas.
C) A filosofia é a busca do saber. Como busca, proporciona ao filósofo seu maior prazer não no encontrar as respostas, e sim no caminhar que o levou até ali. Dessa forma, o filosofar se fundamenta mais nas perguntas, o tatear cego pelo quarto escuro, do que nas respostas, a bola preta.
d) A filosofia é a busca do saber. Como busca, o filósofo tem seu maior prazer em encontrar as respostas. Dessa forma, ao encontrar a verdade, a bola preta, o filósofo pode guiar as pessoas comuns, os cegos no quarto.
*“O homem acostumado a tudo, que com nada se impressiona, nunca será um filósofo.”
Essa afirmativa pode ser considerada correta? Justifique sua resposta.
Sim. A filosofia tem como fundamento o questionamento,
que surge apenas de um espanto com as coisas.
* Em nossa sociedade, possuem muito sucesso os chamados “livros de auto-ajuda”. Nesses livros, as pessoas encontrariam respostas e caminhos para guiarem suas vidas. Podemos dizer que essa literatura é filosofia? Justifique sua resposta.
Não. A filosofia busca o questionamento da essência e dos fundamentos das coisas. Ela não nos dá certezas claras e fáceis, mas nos joga num abismo, no abismo do pensamento, fazendo com que nos tornemos autônomos. Já a auto-ajuda dita regras e modelos a seguir, dandonos respostas, diminuindo nossa capacidade crítica.
“‘Tales de Mileto refletia certa vez sobre o significado dos astros para a existência e, olhando para o céu estrelado, caiu num buraco. Uma doméstica da Trácia, bela e galhofeira, dele se riu e o gozou, dizendo: aquele ali se preocupa tanto com o que se passa no céu, enquanto não tem olhos para ver o que tem diante do nariz e debaixo dos pés’. — Platão acrescenta ao relato dessa história as palavras significativas: ‘à mesma gozação está sujeito todo aquele que se dedica à filosofia’!”
(Emmanuel Carneiro Leão)
“A filosofia, em toda sua história, sempre foi vista como inútil. Isto ocorre porque ela, muitas das vezes, não se interessa por problemas imediatos. Os fins da filosofia sempre vão além: eles são a essência das coisas, e não sua utilidade imediata. Dessa forma, ela pode não mudar uma situação rapidamente, mas influencia e antecipa as grandes mudanças da humanidade.”
(Equipe pH)
*De acordo com os textos, qual seria a visão do senso comum sobre o filósofo? Cite um trecho do primeiro texto que exemplifique sua resposta.
O senso comum enxerga o filósofo como um alienado, um inútil, que não sabe se guiar de forma correta pela vida, de tanto que pensa. Pode-se ver isso em “aquele ali se preocupa tanto com o que se passa no céu, enquanto não tem olhos para ver o que tem diante do nariz e debaixo dos pés”.
*Explique, segundo os textos, em que característica da filosofia a visão do senso comum sobre o filósofo se baseia. Essa característica é negativa? Justifique.
Em sua inutilidade. Não, a suposta inutilidade da filosofia não é uma característica negativa. Pelo contrário, ela demonstra a vontade e a capacidade da filosofia em aprofundar as questões, em ir até a essência das coisas.
*É comum usarmos a palavra mito para designar coisas falsas, mentiras. Esse uso é recorrente na imprensa e em estudos, como quando lemos sobre o “mito da democracia racial no Brasil”. Contudo, o mito, em sua acepção mais original, pode ser considerado simplesmente uma mentira?
Não. o mito, por ser uma narrativa sagrada, coloca-se acima de uma acepção comum de verdade e mentira. Como umas das formas primordiais de o homem lidar com o mundo e com ele próprio, o mito sempre se refere à realidade, não só a explicando, mas também a fundando.
*É comum ver críticas a certas narrativas míticas por elas serem inverossímeis. Esse tipo de questionamento muitas vezes se baseia numa leitura literal delas. Podemos dizer que essa é uma maneira correta de se analisá-las?
Não. O mito só pode ser lido se atentarmos para seu caráter simbólico. Portanto, uma leitura literal se torna infrutífera.
*Apesar de ter surgido a partir do momento em que o pensamento grego se desvencilhou do mito, a filosofia, assim como a ciência, possui em sua essência uma característica idêntica ao mito. Qual seria ela?
Assim como a filosofia e a ciência, o mito é uma forma de esclarecimento, de tentativa de compreensão do Mundo e do homem.
É clara a importância do mito para o “homem arcaico”. Entretanto, podemos dizer que ainda há um forte componente mítico em nossa sociedade? Justifique sua resposta.
Sim. O amor, pai, mãe, bem, mal, liberdade;esses termos apresentam conotação que ultrapassa apenas a significação objetiva, ganhando caráter universal, de arquétipo ; a criação de heróis, modelos a serem seguidos, constante tanto na imprensa, quanto no cinema e na literatura,o maniqueísmo presente tanto no cotidiano quanto em narrativas ficcionais e que expressa a mítica luta entre o bem e o mal.
“Estudar os mitos de uma sociedade é essencial para compreendê-la.”
A partir da leitura dos textos e do que você aprendeu em sala, explique a afirmativa acima.
No mito, está contida a identidade de uma sociedade. Não somente se percebe como ela tenta explicar o mundo, mas também suas concepções morais, religiosas, políticas, etc.
Édipo-Rei, tragédia grega de Sófocles baseada no mito de Édipo, é considerada pelo filósofo grego Aristóteles a mais bela de todas. Nela, é narrada a vida de Édipo, filho de Laio e de Jocasta, rei e rainha de Tebas. O oráculo havia previsto que Édipo mataria seu pai e casaria com sua mãe. O terrível destino se concretiza, justamente por causa das tentativas de evitá-lo. Explique o significado da simbologia desse mito.
No mito de Édipo, está expressa a concepção grega da vida como fatalidade. Para o grego antigo, não existia livre-arbítrio: o homem era guiado pelo destino (moira), do qual não podia escapar.
Um dos mitos primordiais, tanto na Grécia quanto em outras culturas, é o mito do herói. Qual era, e é, a função social do herói?
O herói deve servir de modelo a ser seguido. Dessa forma, nele a sociedade representa os valores em que ela acredita.
A Ilíada, famoso épico do grego escrito por Homero, narrava:
a) a volta de Ulysses à Ítaca, sua terra natal.
b) a morte do titã Cronos por seu filho, Zeus, e o início do poder dos deuses Olímpicos.
C) a guerra de Tróia, com a fúria de Aquiles como núcleo narrativo.
d) o rapto de Perséfone por Hades.
Em Mito e tragédia na Grécia antiga, os estudiosos Jean-Pierre Vernant e Pierre Vidal-Naquet falam sobre o ritual grego do pharmakós. Nele, um homem ou uma mulher, considerados impuros, eram torturados durante uma procissão e depois mortos ou expulsos da cidade, para que os males do local fossem expurgados. Apesar de sua descrição terrível, o ritual do pharmakós é prática recorrente no mundo até hoje. Um dos fatores que corrobora essa ideia é:
A) a constante eleição de “bodes expiatórios” feita em diversas ocasiões. Certas figuras passam por um processo de humilhação pública, como se contivessem, em si, toda a responsabilidade sobre um mal ocorrido. Podemos citar como exemplo, no Brasil, o caso do goleiro Barbosa, que foi, por muitos anos, relegado ao ostracismo por causa de uma falha na final da copa de 50.
b) a constante eleição, no Brasil, de figuras jocosas para cargos políticos. Os eleitores fazem isso para ter do que reclamar.
c) o fato da religião ocidental com mais adeptos, o cristianismo, ser baseada na figura de um phármakos. No ideário cristão, Deus, por meio de seu filho, se sacrifica para purificar os homens de seus pecados.
d) a desigualdade social produzida pelo capitalismo. Os grandes capitalistas, ao explorarem o proletariado, o trataria como phármakos.
Por que, se tomarmos o termo filosofia em seu sentido restrito, seria um equívoco falar em filosofia oriental?
A filosofia é um acontecimento grego e, por conseguinte, ocidental. Ela se caracteriza por um tipo de pensamento fundamentado na razão, no questionamento, e na comprovação por argumentos. A chamada filosofia oriental, por outro lado, é intimamente ligada à religião e ao mítico, sendo, dessa forma, dogmática. Portanto, a sabedoria oriental não pode ser considerada filosófica.
Obs: isso não faz com que o pensamento oriental seja inferior ao ocidental. Ele pode até mesmo abordar melhor o real do que a filosofia. Contudo, a intenção da questão é deixar clara a distinção entre as duas formas de se relacionar com a realidade.
Qual era a importância do mito para o homem grego?
O mito para o grego era o que explicava e justificava o Mundo e a existência grega dentro dele. Ele transmitiam e justificavam a existência dos fenômenos naturais, também como os valores morais do povo grego, suas relações sociais. O Mundo e o homem só existiam por causa dos acontecimentos míticos que os precederam.
Os deuses gregos tinham uma característica peculiar em relação aos mitos de outras regiões: a antropomorfia. Por que podemos dizer que essa característica foi importante para o surgimento da Filosofia?
A antropomorfia auxiliou no surgimento da Filosofi a, pois foi um dos aspectos que facilitou a crítica ao mito.
No rito, um acontecimento antigo, mítico, é reatualizado. Cite um exemplo disso no mundo contemporâneo.
Exemplos como a celebração de aniversários,a Páscoa, o Ano-Novo, celebrações em que um acontecimento passado é recriado. As cerimônias religiosas e os ritos de passagens, como os trotes,também são exemplo disso.
A Filosofia já foi chamada por muitos estudiosos de “milagre grego”. Com isso, eles indicavam que ela surgiu inesperada e espantosamente na Grécia, sem que nada anterior a preparasse. De acordo com o que foi visto em sala, você concorda com essa ideia? Justifique sua resposta.
Não, pois a Filosofi a surgiu impulsionada por um contexto
histórico específi co. Fatores como a intensifi cação do
comércio dos gregos com outros povos, a criação da
moeda, da escrita, da lei escrita, da pólis e da democracia
infl uenciaram no surgimento dela.
Várias foram as causas que infl uenciaram o surgimento da Filosofi a, e, entre elas, está a democracia, que surgiu em Atenas. Nela, os cidadãos gregos debatiam as questões da cidade na ágora. Explique de que maneira essa forma de governo favoreceu o surgimento do pensamento filosófico.
A democracia impulsionou os debates que ocorriam
de forma pública na ágora. O debate, a discussão,
são um dos componentes essenciais da Filosofi a, pois
impulsiona o questionamento crítico.
A isonomia é essencial para uma democracia. Explique no que consiste esse termo.
É o princípio de que todos os cidadãos são iguais perante a lei.
O surgimento da lei escrita foi um dos fatores que contribuíram para o surgimento da Filosofi a. Isso porque:
A) ela facilitou a crítica e a mudança das mesmas.
b) ela proporcionou aos fi lósofos escreverem suas próprias leis e as ditarem para o povo.
c) ela proporcionou o crescimento do número de leis, tornando o povo mais obediente e coeso.
d) ela fez com que as leis enviadas pelos deuses aos oráculos fossem registradas, o que garantiu a preservação dos
mitos, que seriam criticados pelos fi lósofos.
Apesar de ter favorecido o surgimento da Filosofi a, a escrita teria um efeito danoso ao homem, segundo Platão. Qual era esse efeito?
Para Platão, a escrita diminuiria a capacidade de memória das pessoas. Não à toa, valorizar a fala foi um dos motivos que levou o fi lósofo grego a escrever sua obra em forma de diálogos.
É comum utilizarmos cartões de débito ou crédito para fazermos uma transação comercial. Trocamos um valor virtual
por uma mercadoria ou um serviço concreto. Nem sempre foi assim. Antes da criação da moeda, no séc. VII a.C, o
comércio era feito pela troca direta das mercadorias.
Explique de que forma o surgimento da moeda denota um crescimento racional do homem.
O surgimento da moeda, ou do dinheiro, denota um
aumento da capacidade do homem de trabalhar com
abstrações, o que é essencial para o uso da razão.
A Filosofi a é a mãe da ciência, porém se diferencia claramente dela. Um dos aspectos dessemelhantes entre as duas
é:
a) a Filosofi a ser dogmática, enquanto a Ciência é questionadora.
B) a Ciência ter necessidade da experiência, da comprovação empírica de suas teorias, enquanto a Filosofi a se baseia
em argumentos.
c) a Filosofi a apenas tratar de questões sobrenaturais, enquanto a Ciência estuda apenas o mundo físico.
d) a Filosofi a ter necessidade da experiência, da comprovação empírica de suas teorias, enquanto que a Ciência se
baseia em argumentos
Quais são as características do discurso fi losófi co e que o diferenciam do mito?
O discurso fi losófi co se baseia na especulação racional e na comprovação de suas hipóteses por argumentos,enquanto que o mito é dogmático e constituído por imagens e narrativas.
‘‘Tudo é um’’. Essa frase elucida um aspecto essencial do pensamento dos primeiros fi lósofos, os chamados présocráticos.
Que aspecto é esse?
A busca pela arkhé.
A busca pela arkhé era o foco dos estudos dos fi lósofos pré-socráticos. Arkhé signifi ca:
A) princípio originário pelo qual tudo vem a ser.
b) princípio que fundamentaria as ações humanas.
c) deus criador de toda a existência.
d) princípio fundador da racionalidade humana.
Explique por que os fi lósofos pré-socráticos eram chamados de “físicos”.
Os fi lósofos pré-socráticos eram chamados de físicos,
pois buscavam na physis a arkhé, o princípio originário
da realidade.
Segundo Anaxímenes, qual seria a arkhé?
O ar.
Qual é essa contradição, e que é até hoje uma das questões essenciais da fi losofi a e da ciência?
A contradição entre a constante mudança do mundo e,
apesar disso, o fato dele permanecer o mesmo. Um
exemplo disso pode ser qualquer ente, então utilizaremos
o ser humano: por mais que mudemos o tempo todo,
continuamos sendo a mesma pessoa.
Heráclito e Parmênides foram os dois mais importantes fi lósofos pré-socráticos. A teoria elaborada por cada um infl uencia ainda fortemente a fi losofi a. Diga qual era a arkhé para Heráclito e para Parmênides, respectivamente.
Para Heráclito, a arkhé seria o fogo, ou o devir. Já para
Parmênides, a arkhé é o ser.
Explique por que muitos fi lósofos enxergaram o princípio de uma dialética na teoria de Heráclito sobre a arkhé.
Podemos enxergar o princípio da dialética na teoria de
Heráclito, pois ela estipula que a constituição do mundo
se dá no devir, movimento constante de transformação
das coisas, o que ocorreria pelo confl ito entre forças e
elementos opostos.
Parmênides considerava que todo movimento, na realidade, era ilusório. Isso se explica porque a arkhé para ele era:
a) o número. As formas geométricas, que não se movem, eram os estruturantes da physis.
b) a água. O movimento é apenas aparente, já que o que pensamos ser o movimento dos corpos nada mais é que a
água mudando de estado.
c) o devir. Tudo está parado, estacionado pela força do devir.
D) o Ser. Todo movimento e mudança são aparentes, pois a realidade é o Ser, imóvel, perfeito, e imutável.
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